APRENDER E TREINAR SÃO COISAS DIFERENTES! De Jorge Araújo

Urge que quem lidera/treina pessoas e equipas, através de uma constante orientação e aconselhamento (“coaching”), “alimente” um grande entusiasmo e paixão pela aprendizagem, pelo treino e pela melhoria contínua.
Quais “escultores” ou “jardineiros”, exige-se que “lapidem” ou “reguem” o potencial daqueles com quem trabalham, criando climas de trabalho bem mais potenciadores da imaginação, da criatividade e da inovação. E, principalmente, menos racionais e mais incentivadores do que é emocional e espiritual.
É por isso fundamental que a empresa (ou o clube) sejam locais fomentadores de atitudes e comportamentos positivos! Onde se aumente a auto estima dos respetivos colaboradores ou jogadores, habilitando-os para enfrentarem as dificuldades como oportunidades. E para se desenvolverem e afirmarem, tal como a perderem os medos e a vencerem as ansiedades provocadas pelo receio de errar e de falhar.
Todos os colaboradores de uma empresa ou jogadores de um clube possuem um enorme potencial que exige ensino e treino modulados através de diversificadas experiências enriquecedoras dessas capacidades naturais.
O que “obriga” quem lidera empresas ou clubes a adaptar e flexibilizar a sua forma de pensar e intervir, adquirindo uma atitude e um comportamento constantemente positivos. Que ajude os seus colaboradores a focarem as suas energias (mental, física, emocional, social e espiritual) nos objetivos da empresa ou do clube e no sentido e objetivos de vida que pretendam concretizar. Tal como criando à sua volta um clima de trabalho onde dominem a ambição e a paixão por aquilo que se tem de fazer, aumentando por essa via, o empenho respetivo dos colaboradores ou dos jogadores e a sua capacidade constante para se superarem.
Ensinar e treinar quadros de empresa tem de ser, por essa razão, um processo ativo, lúdico, atrativo, capaz de mobilizar a motivação, a participação e a responsabilização dos colaboradores ou dos jogadores.
Crescemos muito dependentes das experiências que nos vão proporcionando e aprendemos na direta proporção dos estímulos, incentivos e exemplos que nos forem presentes.
Mas não só!
Também porque o nosso cérebro está sempre a aprender e o ser humano está otimizado para a aprendizagem.
Os ambientes formativos, proporcionadores de maiores desafios e incentivadores de exercícios físicos, mentais, emocionais, sociais e espirituais naturalmente diversificados, dão origem a mais e maiores conexões neuronais no cérebro, favorecendo por essa via a melhoria gradativa da inteligência.
Aprendemos melhor através da repetição, imagens visuais, por imitação. E também fixamos mais e melhor na nossa memória todos aqueles ensinamentos que nos foram proporcionados de forma emocionalmente impressiva.
O meio ambiente em que se integra o ensino e o treino dos quadros de empresa ou os jogadores do clube deve assim utilizar o erro e o “feedback” respetivo, como motivos de reflexões acerca do que foi feito (como e porquê) e meios importantes de aprendizagem.
E atenção!
Existe uma clara diferença entre aprender e treinar!
Quando aprendemos, criamos novas redes neuronais, experimentando o que é novo através da observação e tentativa de reproduzir o que nos foi proposto.
Quando treinamos, reforçamos e reativamos circuitos de memória já existentes, para que, em breve, se tornem automáticos e não requeiram que neles pensemos de forma consciente.
A aprendizagem e o treino exigem mobilização da atenção e da motivação, tal como uma correta gestão inicial de expectativas e do que vai ser exigido. E os resultados que vão sendo alcançados, constituem um meio poderoso de reforço da confiança e da autoestima.
O processo de aprendizagem exige que, em simultâneo, o iniciemos através de pequenos sucessos, com a presença de quem facilite a reflexão sobre o que foi feito e dê “feedback”, consoante as necessidades.
A cada passo deste processo é fundamental ir sabendo como estão as coisas a correr, o que estamos a fazer bem ou mal, como podemos melhorar. E, também, perceber que, mais do que uma questão de ouvir ou ler, aprender de forma evolutiva significa aprender a fazer, fazendo.
Em tudo o que respeita ao treino de quadros nas empresas, estamos perante uma realidade que suscita a necessidade de treinadores emocionalmente convincentes e inteligentes, capazes de criarem uma cultura de aprendizagem inclusiva. Verdadeiros especialistas em tudo o que se refira a comunicação com impacto, empatia, resolução de problemas e conflitos, liderança inspiradora e mobilizadora da motivação, autoconfiança e pessoas confiáveis, flexibilidade perante a mudança, gestão do inesperado, dar “feedback”.
O que exige que tais treinadores passem por uma preparação intensa e rigorosa, pois ninguém nasce com tais capacidades desenvolvidas ao ponto que as respetivas necessidades educativas e formativas justificam. Aquilo que os tem de distinguir, é a respetiva auto preparação e o treino intensivo a que se dedicaram ao longo de, no mínimo, uma década.
Numa quantidade (volume de horas) e qualidade (intensidade, rigor, exigência) reforçadas com a presença constante de quem os incentive e apoie, que lhes exija e os pressione sempre que necessário e avalie o respetivo desempenho de forma continuada, honesta e frontal.
Alguém que, em devido tempo, os retire da zona de conforto em que tendiam refugiar-se e lhes coloque novos desafios e facilite as reflexões necessárias acerca dos erros cometidos e dos aspetos em que necessitavam melhorar.
Ninguém percorre sozinho o caminho da excelência, pois necessitamos de quem nos encoraje e critique no momento certo, tendo em vista a melhoria contínua pretendida. Precisamos de quem nos ajude a desenvolver uma fundamental paixão por aquilo que pretendemos conquistar. Nos reconheça, apoie e incentive como meios decisivos para a mobilização da motivação intrínseca de que carecemos para nos fazer mover no sentido da excelência e ajudar a refletir e a perceber como se faz melhor e mais rápido.

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